segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

Depoimento corajoso de uma mãe

Uma pessoa que professa o espiritismo e que está vivenciando o luto pela partida intempestiva do seu filho toma a coragem de nos dar seu depoimento.

Todos sobrevivem ao suicídio. Tanto aquele que o busca como tentativa de aliviar suas dores, como aqueles que o conhecia e convivia. Todos sobrevivem porque a morte não existe. O que resulta de um ato dessa natureza são os escombros de uma grande onda que adentra a nossa casa e temos que arrumá-la novamente para continuar a nossa tarefa.

 A Doutrina Espírita é o grande consolador de minha vida por me apresentar razões para todos os fatos que me acontecem. Ela é uma doutrina cristã, porque tem Jesus como Modelo e Guia e Ele nos disse que aliviaria quem o buscasse. Ele não disse que tiraria as nossas dores.

Quando um ente querido parte do nosso convívio através do suicídio, nos pega de tal forma desprevenidos que é como se o chão nos faltasse. Mas Deus na sua infinita misericórdia não nos deixa sem o amparo para atender as nossas dificuldades, pois Ele nos conhece, sabe das nossas dificuldades e das provas a que estamos submetidos.

Não sabemos quem são os Espíritos que estão reencarnados no nosso lar. Porque somos seres criados há milhares de anos, nascendo e morrendo inúmeras vezes, por bondade divina, para que se efetue o aprendizado necessário para atingirmos a perfeição a que estamos destinados.

O esquecimento das nossas existências passadas possibilita o ajuste que temos com as leis divinas e facilita principalmente a reconciliação com aqueles com quem temos compromissos ainda pendentes.

Já diz o ditado popular que o coração do outro é um chão onde ninguém pisa, atestando o desconhecimento dos sentimentos mais íntimos daqueles com quem convivemos em nossos lares.

Devemos desempenhar nosso papel do modo mais coerente com os ensinamentos de Jesus. Amar e perdoar sempre. Quando amamos realmente procurarmos fazer ao outro tudo o que é necessário.

A missão da mater/paternidade é fazer com que nossos filhos cheguem até Deus, conheçam as Suas leis e as vivam. Desde a tenra idade, devemos ter a preocupação com a correção das suas más tendências, proporcionando hábitos saudáveis e conhecimento compatível com sua idade. Por vezes se faz necessário o acompanhamento psicológico e psiquiátrico. Precisamos estar atentos ao comportamento deles e, principalmente, devemos vivenciar os mesmos ensinamentos que desejamos que eles assimilem.

Isso tudo ainda não é garantia de que nosso filho não vá buscar a fuga da vida por meio do suicídio, porque não conhecemos as dores da alma que carrega consigo.

A Doutrina Espírita nos apresenta inúmeros casos de suicidas e nenhum deles é igual, porque cada um de nós é uma individualidade inconfundível.

Muitos dos nossos entes queridos já praticaram o suicídio em outras encarnações e voltam para cumprir a tarefa pendente. Mas carregam dores que não conseguem superar e não seguem adiante, desistindo. Outros angariaram tantos desafetos com atitudes intempestivas e estes o assediam, induzindo-os ao suicídio. Muitos são, portanto, os porquês de fugirem da vida.

Como passar por isso depois de 12 anos de dedicação por um filho do coração? Passado três meses é somente pela misericórdia divina que não nos desampara, que temos tido condição de tudo suportar, pois Deus não nos dá um fardo sem termos condições de carregá-lo. Isso não quer dizer que reencarnamos para que alguém seja nosso filho e em determinado momento retire-se da vida porque não aguentou mais. São as escolhas, as contingências... Não deveria ser assim. Não foi escrito. Havia, apenas, talvez, a possibilidade de terminar assim.

A Doutrina Espírita nos esclarece que o medo da morte é uma providência divina para que não saiamos dela com facilidade. Então, aquele que busca a aparente solução dos seus problemas mediante o suicídio, possui uma profunda dor e merecerá de nós que o amemos muito.

Que as nossas vibrações de amor o alcancem. Que os espíritos amigos os ampare e sustente na retomada da sua caminhada evolutiva. E não nos esqueçamos: se sua partida nos faz sofrer por ser um ente querido e próximo, ele é, antes de ter um grau de parentesco conosco, um filho do Criador, merecedor de todo nosso amparo e amor.

domingo, 6 de janeiro de 2013

Depoimento de uma sobrevivente

Um depoimento espontâneo de um familiar sobrevivente de suicídio nos chegou por via do Suicídio: conhecer para prevenir (http://conhecerparaprevenir.blogspot.com.br/).

Como este blog tornou-se um espaço de convivência e troca, publicaremos depoimentos como este e outros,  sempre que possível.

Inexplicável é a dor da família de um suicida, o sofrimento parece uma fratura exposta que sangra a todo momento. 

Busca-se constantemente entender algo que parece surreal. 


Meu companheiro suicidou-se há alguns meses. Para mim ele morreu hoje, a dor é a mesma que senti quando atendi aquele telefonema que destruiu minha vida. 


Eu que sempre tive projetos,sonhos, me vejo todos os dias catando meus cacos que ficaram pelo caminho. 


É muito difícil e às vezes me falta força para pensar em seguir, é como se eu estivesse vagando pela vida, sem rumo, sem futuro. 


Me sinto numa montanha russa emocional, não sei descrever meus sentimento. Em um dia a dor me paralisa, me cega, no outro peço a Deus que me ajude a conviver com essa dor, já que desistir de entender que algo tão absurdo como esse aconteceu, já desisti de buscar respostas, simplesmente elas não existem... 


Aceitar? Impossível.


Meus sentimentos a você e sua família, de alguém que sabe o que estão passando, queria dizer que "tudo isso vai passar" e o "tempo vai curar", frases feitas que escutei e escuto todos os dias, mas não seria verdade. 


Conselho? Tentem sobreviver, vivendo um dia de cada vez.